terça-feira, 16 de abril de 2013

A força política na polícia douradense

Até ao início dos anos 90 Dourados em franco crescimento mesmo tendo uma força política muito grande tanto na capital do Estado como em Brasília era aparentemente um fracasso na representação deles na área de segurança e isso por si só já era muito ruim para a população que sofria com arrombamentos residenciais e comerciais; pistolagens; assaltos entre outros tipos de delitos e olha que naquela época não havia bairros como os Canaãs; os Mitays da vida; Guaycurus, entre outros novos que existem nos dias de hoje na cidade.
Na época, vale ressaltar que mesmo com todas as deficiências, além da sede do 3º BPM, a cidade tinha por meio da Polícia Civil seis delegacias, sendo elas, o 1º (central); 2º; 3º e 4º DPs (distritos policiais); a DEM (Delegacia Especializada da Mulher) e a do Menor e a população ainda contava com o apoio da PF (Polícia Federal) que era comandada pelo delegado Delci Carlos Teixeira e claro, da tropa de elite comandada pelo coronel/PM da reserva, Adib Massad, que era o temido DOF (Departamento de Operações de Fronteira), nos tempos atuais infelizmente, inoperante em suas ações no apoio ao combate ao crime na cidade.

Passados pouco mais de 20 anos, Dourados hoje próximo de chegar aos 200 mil habitantes, no quesito segurança pública, tanto a PM por meio do 3º BPM (Batalhão da Polícia Militar) e a PC (Polícia Civil) que naquela época já davam mostras do início da falência estrutural, pois era patente a falta de efetivo, VTRs (viaturas); armamentos pesados para eventuais grandes confrontos com os bandidos; em materiais administrativos principalmente nos cartórios e na perícia técnica; no Instituo Médico Legal, que, aliás, até hoje a cidade não tem um necrotério para que os médicos legistas possam trabalhar, tanto que eles dependem de um particular que foi modernamente instalado na empresa funerária, enfim, estes dois importantes órgãos públicos que não tinham as mínimas condições de darem atendimentos a quem quer que seja na época na qual batia em suas portas em busca de proteção continuam do mesmo jeito e a classe política parece que não despertou para esta triste realidade. Agora cá para nós: Uma cidade do porte de Dourados não ter um IML para atender aos médicos legistas e ainda ter de depender de uma empresa funerária, isso é um absurdo não é mesmo !?.

Com o crescimento da cidade em especial devido ao surgimento de diversos bairros, condomínios, sitiocas e repúblicas estudantis entre outros além da chegada de grandes empresas, tanto a situação da PM como da Civil continuam na mesma, para não dizer pior e olha que não estou colocando a situação do CB (Corpo de Bombeiros) que também não está lá grande coisa e que aguenta o tranco em razão da implantação do SAMU (Serviço de Atendimento Médico de Urgência) que atua em casos de acidentes como de fundamental apoio aos homens de vermelho.

No quadro da PM os comandantes operacionais tenente/coronel Carlos Barbosa e major Carlos Silva têm de fazer malabarismos para manter a tropa estimulada para atuar no combate ao crime, pois o efetivo dela está defasado, com muitos policiais militares licenciados por conta de problemas de ordem médica, em especial o stress; de férias e licenças a prêmios; por estarem cedidos a outros órgãos do Governo do Estado e claro, também com a sua frota de viaturas defasada, com cotas limitadas de combustíveis e em péssimas de condições de tráfego por falta de manutenção, pneus e de armamentos modernos, entre outras melhorias para atender a população, enfim, entendo que eles, os servidores que atuam diuturnamente no trabalho de segurança ostensiva, na minha visão são uns verdadeiros heróis.

No quadro da Polícia Civil, que é a responsável pela área judiciária, este é bem pior do que se imagina e a nossa classe política que representa a cidade em Campo Grande e em Brasília ao que parece, não percebeu isso ou não tem a menor ideia de como está a situação deste tão importante órgão público para a população.



POLÍCIA CIVIL


Na Polícia Civil que hoje tem atuando no comando da DRPC (Delegacia Regional de Polícia Civil) na pessoa do delegado Antônio Carlos Videira, o “doutor Carlinhos”, que em minha opinião, é um dos mais competentes delegados do MS, é sabido que se há pouco mais de 20 anos tínhamos seis delegacias, hoje temos quatro e somente uma delas, o 1º DP, trabalha diuturnamente e de domingo a domingo, as demais fecham as suas portas às 17 horas de sexta-feira, o que em minha opinião singela, é um absurdo para a segunda maior cidade do Estado e o que é pior, faz parte da rota do tráfico de entorpecentes e dos contrabandos que em sua maioria são levados para as cidades dos grandes centros do País, produtos ilícitos estes que saem do território paraguaio, que em sua maioria das vezes são adquiridos pelos cartéis de traficantes e de contrabandistas com carros e caminhões além de motos que foram furtadas ou roubadas que são levados para o País vizinho.

Na Polícia Civil é possível saber que tanto escrivães e agentes policiais fazem papel de “carcereiros” nas lotadas celas do 1º DP, função esta que não seria a deles, pois fizeram seus cursos para investigar crimes contra o patrimônio público e principalmente contra a pessoa e não para cuidarem de presos e presas, isso, lembrando também a falta de efetivos e de viaturas que estão nas mesmas condições da gloriosa PM douradense e claro, às mesas dos delegados lotadas de I.P (Inquérito Policial) que devem - e tem prazo para isso - serem concluídos para ser remetidos ao Poder Judiciário e para o MPE (Ministério Público Estadual) sobrecarregando e muito o trabalho deles, entre outras defasagens que somente com a união da classe política que nos representam lá em Campo Grande e em Brasília é que poderemos visualizar uma possível e grande melhora nestes dois importantes órgãos de segurança. 

Aqui não se trata de tripudiar ou desrespeitar o trabalho dos nossos representantes políticos que atuam na AL (Assembleia Legislativa) ou na Câmara Federal ou no Senado da República, mas sim dar alguns exemplos do quanto o trem tá russo nestes dois principais órgãos criados há séculos para manter a ordem e a paz em prol da população ordeira que reside nesta cidade que graças a Deus está no rumo certo, pois ela cresce a cada dia que passa, no entanto, é possível hoje sair do centro da cidade e ir até ao Parque das Nações por exemplo, seja de ônibus; carro ou moto, e no caminho não encontrar sequer uma viatura policial.

Todavia, a população vem se assustando e muito, principalmente com os inúmeros pontos de vendas de drogas, em especial a pedra de crack que destrói não só os jovens, mas também os adultos. Ela, a população, vem convivendo - e ainda convive - com o problema de segurança pública há anos e pouca coisa ou nada, ela, a classe política eleita para nos representar lá em cima não enxerga que é preciso e urgentemente mostrar a sua força e juntas trazer recursos e melhorias tanto para a polícia ostensiva como para a judiciária, pois do jeito que está à tendência é piorar e se isso acontecer com certeza à população de bem perderá, como muitos já perderam ou estão perdendo, o jogo de viver no mínimo em paz e harmonia em sua comunidade e o pior, os criminosos infelizmente ganharão, disso não tenho a menor dúvida...!


Do mais, paz e bem, fui, mas volto, se volto...!


Waldemar Gonçalves - Russo
* O autor é jornalista e militou na área policial por muitos anos e é filiado ao SINJORGRAN (Sindicato dos Jornalistas da Grande Dourados)

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