quinta-feira, 7 de março de 2013

Com um dos piores salários do país, Polícia Civil do MS agoniza

Policiais do MS só não recebem menos que os da Paraíba e do Acre. Foto: Dourados Agora

A Polícia Civil do Mato Grosso do Sul cumpre seu papel com excelência, mas parece não viver seu melhor momento. O motivo seria a falta de motivação da categoria por conta dos baixos salários e da necessidade de reestruturação no plano de carreira, principalmente nas promoções. Nesta quarta-feira, o Sindicato dos Policiais Civis do estado (Sinpol-MS) divulgou nota dizendo que os profissionais “agonizam”.

Um dos pontos levantados no texto é que o salário inicial dos policiais daqui (R$ 2.361,21) é um dos piores do Brasil, ocupando a 25ª posição entre 27 estados da federação, sendo superior apenas ao da Paraíba (R$ 2.325,51) e Acre (R$ 2.286,42). O Distrito Federal lidera o ranking com um piso de R$ 7.514,33. O que chama a atenção do Sinpol-MS, é que o Produto Interno Bruto (PIB) de muitas regiões que estão nas primeiras posições, é inferior ao de Mato Grosso do Sul.

Nosso estado registrou recentemente um PIB de R$ 43,5 bilhões, número maior que de oito, entre eles o Sergipe, segundo colocado com salário de R$ 5.587,41 e PIB de R$ 23,9 bilhões. Os policiais buscam melhorias neste quadro e querem reajuste de 50% parcelado em duas vezes, sendo 25% para 2013 e 25% para 2014, além da extinção do apadrinhamento político para fins de promoção.

Na segunda-feira o sindicato esteve em reunião com o governador André Puccinelli e recebeu contra-proposta de aumento de apenas 20%, sendo 10% para este e mais 10% para o próximo ano. Apesar das dificuldades, os policiais ainda não mencionaram possibilidade de greve. Em nota, o Sinpol-MS fala das dificuldades que a categoria tem enfrentado, inclusive o sucateamento de delegacias e a falta de condições dignas de trabalho. Confira o texto na íntegra:

POLÍCIA CIVIL DE MS AGONIZA

O policial civil necessita de estímulo para desempenhar o seu trabalho e garantir tranquilidade à população, sobretudo precisa sair de casa para trabalhar seguro de que sua família não irá passar necessidades. E o salário é componente essencial para assegurar melhores condições de vida aos seus familiares.

Portanto, o Sindicato dos Policias Civis de MS – SINPOL/MS vem esclarecer à sociedade o martírio pelo qual a polícia civil tem passado. São seis anos de falta de investimentos, considerando que são muito mais direcionados para a propaganda oficial do governo que em Segurança Pública.

Há sete anos, o salário do policial civil de Mato Grosso do Sul era o 6º do Brasil. Já no ano passado ocupava o 20º lugar e hoje, é o 25º pior salário. A Polícia Civil de MS é considerada uma das mais honestas do país, é também a que possui os melhores índices em resolução de casos de homicídios, segundo a Estratégia Nacional de Justiça e Segurança Pública (Enasp), e a que cumpre o maior número de mandados de prisão no país, em contrapartida não é de maneira alguma valorizada.

O estado possui um déficit de mais de 1.000 (mil) policiais civis e não há sequer menção de edital de concurso. Os servidores trabalham em escalas exaustivas, sem ao menos receber horas-extras, estão em constantes viagens a trabalho sem receber diária, e quando a recebe, o valor não supre os gastos essenciais. Cargos de chefias para investigadores e escrivães, somente existem na letra fria da lei.

As promoções funcionais da categoria viraram instrumento de barganha política, não favorecendo os que trabalham na atividade fim. Boa parte das delegacias do estado está sucateada. Em Campo Grande, o Cepol é um exemplo claro. Não há água e banheiro para os policiais e para a população. Na Delegacia de Plantão da área central (Depac-centro) faltam até canetas, grampeadores e papel sulfite, fazendo com que um simples boletim de ocorrência de furto demore até duas horas para ser registrado.

Em Três Lagoas, a cidade cresceu, mas o efetivo da polícia civil diminuiu. Em Ponta Porã, as ocorrências triplicaram e o efetivo foi reduzido. Enfim, a calamidade na Polícia Civil atinge todo o estado.

No interior do estado, quem gere a Segurança Pública, equipando as delegacias, viaturas, distribuindo combustível, entre outros, são os Conselhos Municipais de Segurança, que conforme seus objetivos deviam ser acessórios à política estatal, mas se tornaram fundamentais para as cidades no funcionamento da polícia civil.

Investigadores e escrivães, mesmo com um efetivo reduzidíssimo, tomam conta de 17 delegacias no estado, as quais não possuem delegados. Desvio de função é rotina. Os policiais são obrigados a cuidar dos mais de 900 presos abrigados em delegacias - transformadas em presídios, função esta que não é sua atribuição, mas sim dos agentes penitenciários.

Verifica-se que o policial civil está na função por amor à profissão, por isso pede respeito ao trabalho que desempenha e exige que as autoridades os valorizem.

Pode-se mensurar que o salário de policiais civis de diversos estados que possuem um PIB menor que o de Mato Grosso do Sul é superior ao nosso. Exemplo disso é o estado de Sergipe que recebe o 2º melhor salário do país e tem um PIB quase 45% menor que o do MS.

Este esclarecimento visa mostrar à sociedade que os trabalhadores de segurança pública de MS, principalmente POLICIAIS CIVIS, estão sangrando e clamam por uma política de valorização, ao menos na questão salarial. A segurança pública merece mais atenção. A sociedade precisa ser protegida por uma polícia civil digna e respeitada, com policiais bem remunerados e acima de tudo, satisfeitos com seu trabalho.

Os policiais civis estão dispostos para brigar por seus direitos, assim como estão prontos a todo momento para cumprir sua função de servir e proteger a sociedade.

PRIORIDADE EM SEGURANÇA PÚBLICA É APENAS DISCURSO EM ÉPOCA ELEITORAL, PORÉM OS PROBLEMAS JAMAIS SERÃO SOLUCIONADOS PARA NÃO PERDER O DISCURSO PARA O PRÓXIMO PLEITO.

QUEM NÃO VALORIZA A SEGURANÇA PÚBLICA, FORTALECE A CRIMINALIDADE

Fonte: Dourados Agora

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